Depois de alcançar as coisas fundamentais, o básico para o corpo existir, é preciso fazer as pazes com as coisas importantes, ir em busca delas. Esse é o lembrete!
Se sobre a nossa mesa faltar a medicação diária do artista, o tesão, sobre a vida, eu não sei se dá pra continuarmos lúcidos, afinal a gente não veio aqui só para sobreviver.

Então quando estivermos juntos, deixa eu falar de coisas leves. Dessa vez eu não assisti o jornal contando mais um episódio de outra bala perdida que encontrou alguém da minha idade.

Eu tô por aí tentando escrever outros desfechos, se não o público acostuma e se vicia que a gente interprete sempre o mesmo papel. Prefiro a loucura do que não é habitual, reagir e desafiar que quando falem de favela não seja em um contexto só de falta ou violência.

A margem é quem constrói o rio. Se eu precisar pausar o meu trabalho e descansar em águas mais calmas, faz sentido ou vai parecer que joguei a toalha?

Quem toma conta de quem cuida de todo mundo?

Coragem! Dá muito trabalho construir qualquer coisa do zero. Enquanto equilibra os pratos, às vezes um cai no chão e você recomeça tudo de novo. Mas o bonito de viver é que tudo pode ser diferente sempre, ainda que assustador.

Bonito perceber que você sempre pode interromper um ciclo. Que graças à luta de quem veio antes, padecer não é o único caminho que resta.

Ser o primeiro da sua geração familiar a fazer algo, seja entrar em uma faculdade ou responder melhor emocionalmente diante das coisas; Romper com padrões violentos e construir relacionamentos mais saudáveis ou questionar crenças se tais lugares são para você ou não; Um avanço é sempre sem volta, agora que você já se jogou, como vai ter medo? Assim canta Gal Costa:

“Deus me livre de ter medo agora
Depois que eu já me joguei no mundo
Deus me livre de ter medo agora
Depois que eu já pus os pés no fundo
Se você cair não tenha medo
O mundo é fundo
Quem pisar no fundo encontra a porta.“

– Com medo, com Pedro
Gal Costa

Quero encontrar a porta. A que leva para o outro lado. A que te deixa escapar. Porque só olhar pela fresta da janela é muito injusto. E pior que não saber que algo existe, é estar próximo e não poder tocar, acessar espaços sem de fato poder compartilhar as reais conexões que fazem as coisas acontecerem.

Não deixar o mundo te engolir. Mais um lembrete.

Não deixar a afinidade entre pessoas que não precisam ver o mundo mudando te isolar e te excluir de criar pontes para quem precisa que as coisas se modifiquem de fato. Último lembrete.

E por fim, “se eu vi mais longe foi por estar no ombro de gigantes”, como quando ainda criança. Sem ter acesso a internet em casa, escutei numa lan house o Mano Brown cantar: “Você é do tamanho do seu sonho, faz o certo, faz a sua“.

Agora que eu já pus os pés no fundo, se eu cair não dá pra ter medo.

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